Fim-de-semana perfeito!

Saí na Sexta-feira ao fim da tarde em direcção à cidade Invicta com o intuito de Visitar familiares/visitar amigos/ir à festa no Dragão.
Levei dois amigos (um portista e um lampião) a visitar pela primeira vez o grandioso Estádio do Dragão.
-Vai ser um massacre!! - gritava o meu colega tricampeão.
-Vê lá se te não sai o tiro pela culatra. - dizia baixinho o meu amigo lampião.
Eu pessoalmente achava que ia ser um jogo sem grande história apesar do desejo de golear a 'melhor equipa dos últimos dez anos'. Mas parecia que isso agora era uma obrigação e eu apenas queria que ganhassem. Que ganhassem bem e principalmente, que não sofressemos golos. A única coisa que eu não ia admitir era festejos por parte da equipa visitante.

Já no Porto os meus familiares eram todos da mesma opinião. "Temos de ganhar para ajudar o Guimarães!!". É preciso estar no Norte para perceber esta vontade de ajudar os clubes da região.
-Então mas não deviamos dar uma goleada para os calar de vez? - dizia eu. -Eles nunca se vão calar! São como aqueles bebados que levam nos cornos mas continuam a provocar quem lhe foi às trombas. Se os queremos prejudicar a sério, é correr com eles da Champions. Se as galinhas ficarem em quarto e os lagartos em terceiro, é meio caminho andado para o Tetra. Enquanto uns vão ter de começar a preparação muito mais cedo por causa da pré-eliminatória, os outros ficam sem dinheiro e como não vão à Champions, nenhum treinador ou jogadores de jeito vão querer vir para aquele pardieiro.
Fui obrigado a concordar com o meu tio. O importante é ganhar, golear seria sempre bom mas não deve ser um objectivo.
-Realmente a malta aqui do norte é muito mais unida. Não acredito que o Benfica fosse capaz de sacrificar um jogo para ajudar um Belenenses, um Estrela ou um Setubal. - desabafava o meu amigo lampião. - Mas vais ver que ganhamos. Vamos surpreender! Voçês estão na boa e nós é que precisamos de ganhar.

O sábado foi o dia de visitar tudo e todos. Niguém com que falei e que sabia ao que eu vinha me disse outra frase que não fosse: "Está ganho! Só falta é saber por quantos."
É esta confiança que emana do ar que se respira na cidade do Porto. São bandeiras nas janelas, cachecois em 50% dos carros, são as crianças com o equipamento vestido enquanto passeiam no Arrábida Shoping ou noutro Centro Comericial qualquer, é a quantidade de gente que dá voltas ao Estádio em ritmo de passeio enquano anseia que o tempo passe depressa para que se possa mais rapidamente festejar mais uma vitória.
Nessa noite fomos e uma discoteca a Gaia e o mais se suscitou a curiosidade foi o facto de entre os muitos portistas equipados a rigor (será uma nova moda da noite do norte?), também lá se encontravam, ou a dançar no meio da pista ou no bar a beber mais um copo, alguns (contei sete) lampiões equipados a rigor que confraternizavam alegremente com todos sem qualquer problema ou fricção. Nâo vi ódio, não vi inveja, nem tão pouco vi provocações de qualquer ordem. Comentei isso com o proteiro que me disse.
-Isso são guerras de dirigentes! Aqui a malta é jovem e quer é divertir-se. Fiquei feliz.
Desculpem a honestidade, mas não acredito que aqui em Lisboa tal situação fosse possível.

Ontem acordei tarde e ansioso. A minha tia chamou-nos a todos para o almoço. Enquanto almoçavamos, vimos as noticias do apedrejamento do autocarro das galinhas à saida do Seixal.
-Cambada de idiotas!! - disse o meu amigo lampião ainda meio ressacado. - Parece que não têm familia com que se preocuparem!! São a vergonha deste clube, e são cada vez mais!!
Ninguém o contradisse ou gozou.
-Se fosse cá, estes gajos eram todos atirados ao rio!! - disse um primo meu. - Da outra vez quando atacaram o carro do Holandês também foi uma vergonha, mas atacar a equipa à pedrada? Isso nunca!! -Mas o Co Adriansse faltou ao respeito de toda a gente e pensava que o clube trabalhava para ele quando devia pensar o contrário. Ainda bem que desapareceu!! - disse o meu tio.
Fomos cedo para o estádio porque queria disfrutar a tarde e não andar entalado no trãnsito e a correr de um lado para o outro. Fomos dos primeiros a entrar e o meu amigo portista, quando chegou às bancadas, so conseguia exclamar:
-Lindo!! É Lindo!!
-É igual aos outros só que em azul! - disse o meu amigo lampião.
-Vai-te f**** pá! Alguma vez lá em baixo tens um estádio assim??
Eu estava contente por estar ali, as exclamações do meu amigo portista faziam-me lembrar da primeira vez que ali entrei, para ver um Portugal-Brasil na estreia de Deco na nossa selecção. Nesse dia também fiquei embasbacado com a baleza do edifício.
Com o aproximar das 20:30, com um plastico branco enfiado na cabeça(enquanto o meu amigo lampião depois de reclamar, lá aceitou pôr o azul que lhe calhou), a ansiedade era enorme, mas o ambiente era extraordinário.
Duas filas atrás de mim um senhor exclamava. - O Leiria já está a espetar dois nos lagartos!! Optimo!! -pensei eu. Assim o 2º lugar do Guimarães está mais seguro, só falta ganhar a estes padeiros.
A festa que antecedeu o jogo foi muito bonita e nem o meu colega lampião se fez rogado a participar nela.

O jogo foi o que já esperava. Quando Lisandro marcou o primeiro, foi uma explosão de alegria tão grande que parecia que tudo vibrava, abracei desconhecidos, abracei o meu colega que só dizia outra vez. - Vai ser um massacre!! Enquanto que o meu outro amigo enrrolava o cachecol encarnado e exclamava. -Já?! Dasse!!
Mas assim que o jogo recomeçou e o FCP não caiu em cima das galinhas, deu logo para perceber que não ia haver 'massacre'. A intenção era controlar o jogo e não dar opurtunidade às galinhas para sequer terem opurtunidade de marcar.
Até ao intervalo, o que se sentia nas bancadas era que podiamos estar a jogar mais rapidamente e a pressionar muito mais, mas que se calhar assim também não era mau. Mau era o jogo que o Quaresma estava a fazer. Mas apesar disso ninguém parecia querer que ele saisse.

Chegou o intervalo e foi nesse momento que tirei os olhos do campo e olhei para aquelas bancadas repletas de portistas. Fiquei agradávelmente surpreendido com a enorme quantidade de crianças presentes naquela festa. Foi ao olhar para aqueles miudos que percebi o quão grande é o futuro deste clube. Somos cada vez mais e estas vitórias fazem muito bem ao ego destes meninos e meninas que terão muito mais para falar durante a semana qua apenas 'Morangos' ou 'Chiquititas' ou outras coisas quaisqueres. Irão falar do Porto Tricampeão e da festa da vitória aonde estiveram no Domingo. Terão orgulho no seu clube e isso ninguém lhes poderá alguma vez tirar.

A segunda parte foi a confirmação daquilo que eu sempre disse. O Tricampeão foi dominador enquanto que os 4º classificados apenas queriam evitar uma humilhação. Talvez se tivessemos marcado um golito naquele primeiro quarto de hora e a história poderia ser outra, mas tal não aconteceu e tivemos pacientemente e esperar até ao minuto 80 para o estádio explodir outra vez!!
Foi um golão!!
Festejei mais que no primeiro!
Era a confirmação da vitória!
Era o culminar de um fim-de-semana perfeito!
Era a razão de fazer 600 Km em trés dias!

Até ao fim do jogo foi um festão! Confesso que não vi a falta que expulsou o Bynia, mas não quiz saber! Andava ao pulos abraçando e dando 'fives' a tudo e todos. O jogo estava ganho e isso é que interessava.
Faltou a goleada, mas essa aconteceu mais a Sul.

A saída do estádio foi um pandemónio, mas a alegria de dois do trés ocupantes do meu carro ultrapassava isso.
O caminho para casa foi feito com calma, a ouvir os comentário dos entrevenientes dos dois jogos daquela noite.

-Foi um espectáculo!! - Disse o meu amigo portista.
-Foi um bom jogo! Não tivemos hipóteses! - Disse pesaroso o meu amigo benfiquista.

Foi um fim-de-semana perfeito.

Que se repita rápidamente (talvez a 18 de Maio)!